HUSKY SIBERIANO

Resistência - Fidelidade - Inteligência

quinta-feira, 31 de março de 2011

Movimento e Andaduras - Generalidades e Considerações

Como já mencionamos anteriormente, o cão é um animal de trabalho e esse trabalho depende de sua capacidade de movimentar-se.


Em cinofilia, entende-se por movimento a locomoção, também chamada de andadura. O cão possui quatro formas básicas de locomoção: o passo, a marcha, o trote e o galope que serão mais adiante examinados.


Normalmente, em pista, os cães são apresentados em trote e às vezes a passo. É importante relembrar que as diferentes raças possuem diferentes movimentos que lhe são próprios e mesmo mais adequados, conforme sua conformação (biótipo). Nesse sentido é sempre interessante observar as dimensões do recinto, o piso, etc permitem a este ou aquele cão apresentações convenientes. Cabe lembrar que, independentemente de espaço, raças pequenas mudam mais rapidamente o tipo de andadura do que raças grandes.

Para julgamento pede-se basicamente dois tipos de movimento. Primeiramento é exigido um movimento de ida e volta, em linha reta. Neste movimento observa-se a manutenção dos aprumos (cotovelos, jarretes, etc), bem como tendências a andar de lado (“crabbing” ou “passo de carangueijo”). Em seguida pede-se o movimento em círculo. Neste movimento observa-se o comportamento da linha superior, a forma de levar (porte) a cabeça e a cauda. Observa-se ainda o alcance de solo, isto é, a facilidade de progressão do animal, isto é, o seu rendimento sem esforço.


No círculo pode-se ainda verificar a forma como o cão coloca os pés nos apoios, sendo considerado como falta o chamado “sobre passo”. No sobre passo o posterior apóia-se adiate do ponto de apoio usado pelo anterior do mesmo lado. É considerado defeito porque pode interferir na progressão normal e, geralmente, indica falta de balanceamento.


Este termo, balanceamento, significa harmonia entre a conformação dos posteriores e anteriores. De modo geral está ligado as angulações, considerando normais as proporções de altura e comprimento. Obviamente, o critério de avaliação do balanceamento varia de raça para raça.


Frequentemente, por ingenuidade ou por malícia ou, ainda, por dissimulação, o apresentador (handler) pode manter a cabeça do animal em posição inadequada para a movimentação própria da raça. Em caso de dúvida, solicita-se movimentar o cão com guia solta.


Lembre-se que ao parar, o animal às vezes, busca um apoio melhor. Nestes casos frequentemente abre os pés (anteriores, posteriores ou ambos). Em caso de dúvida, peça ao apresentador um passo ou dois à frente, dando ao cão a oportunidade de acertar (ou não) os aprumos.


A avaliação do cão em movimento é imprescindível e deve ser feita com o máximo cuidado pois, é neste momento, que todo seu potencial é mostrado, bem como, faltas ou defeitos que possam eventualmente estar minimizados pelo apresentador ao arrumar o cão em “stay”. A descrição que fazemos a seguir das diferentes andaduras do cão, foi transcritas do texto de David M Numamaker e Peter D. Blauner, incluso no no capítulo “Normal and Abnormal Gait” do livro clássico de ortopedia canina. Eventuais anotações estarão colocadas entre parênteses.


“Andaduras normais no cão: comumente usam formas de locomoção que podem ser divididas em dois grupos principais: as andaduras simétricas e as assimétricas. Nas andaduras simétricas como o passo, a marcha e o trote, os movimentos dos membros de um lado repetem os movimentos do lado oposto sendo os intervalos igualmente espaçados. Nas andaduras assimétricas como o galope, os movimentos de um lado não repetem os do outro e os intervalos entre os apoios não são espaçados por igual. Quando falamos de andaduras, um conjunto completo de passos é chamado de ciclo.”


Passo: o passo é um movimento simétrico em que o apoio é mantido pelo animal com os dois membros do mesmo lado paralelamente. O animal se move impulsionando o anterior e o posterior do mesmo lado enquanto distribui o peso no outro lado. É uma andadura comumente usada por cães de pernas longas e corpo compacto e permite o animal caminhar em linha reta para a frente, sem interferência entre os posteriores como pode acontecer no trote. A oscilação lateral do corpo condicionada pelo passo, parece ser melhor trabalhada por cães de pernas longas. O passo também é visto em cães cansados, fora de condições ou com problemas ortopédicos.


Marcha(1): a marcha tem sido descrita como a forma de locomoção menos cansativa e mais eficiente para o cão. Na marcha o cão nunca tem menos do que dois pés sobre o solo usualmente três e ocasionalmente os quatro (o movimento dos membros é em diagonal, isto é, anterior de um lado e posterior do outro, na mesma direção e, em seguida, ocorre o inverso). Na marcha o impulso para a frente é mantido pelos posteriores enquanto o peso do corpo é mantido principalmente pelos anteriores. Os anteriores também são usados para diminuir a velocidade e absorver choques. O tempo de contato do pé com o solo está em função do comprimento das pernas, ou seja, é maior nos cães de pernas longas e menor nos de pernas curtas. Há uma predileção nos cães de peerna curta por tipos de marcha que tem intervalo relativamente maior entre o apoio do posterior e o apoio do anterior do mesmo lado. Por essa razão não é usual ver cães pequenos em passo, ao contrário, uma configuração de trote parece ser a regra. Em cães de pernas longas a marcha assemelha-se ao passo. Há uma grande variação de forma segundo o tamanho e até mesmo variações individuais. Em geral, os cães pequenos apresentam as maiores variações.


Movimentos para baixo do pescoço e da cabeça estão associados ao impacto de cada um dos anteriores ao início de cada fase e, movimentos para cima, estão associados com a volta de cada membro. Portanto o pescoço e cabeça mostram dois picos em cada ciclo. (1) Há a chamada “Marcha Lenta” isto é, três pés permanecem no solo, enquanto o outro alcança ou propulciona. O alcance é feito pelo anterior correspondente ao posterior que propulsionou. É uma andadura lateral, de transição entre o passo e as andaduras mais rápidas e não deve ser confundida com a Marcha.

Trote: o trote é uma andadura simétrica que ocorre quando os pares de pernas, em diagonal, se movem simultaneamente e a duração de contato com o solo é ligeiramente maior nos posteriores. No trote, usualmente dois pés estão sempre no solo. Alguns cães, entretanto, tem fases de suspensão (sem nenhum apoio no solo), o que é chamado de trote voador (trote típico do pastor alemão). Cães de pernas longas e corpo curto tem dificuladade de trotar, pois os posteriores podem interferir com anteriores. Caranguejar (crabbing – andar de lado) é uma forma de evitar essa interferência, girando o corpo para que o posterior passe ao lado do anterior, assim o cão anda simultaneamente para a frente e para o lado (este movimento também pode aparecer em cães longos ou com defeitos de coluna – linha superior – quando o impulso dos posteriores não alcançava por igual os anteriores).


A diferença entre o trote e a marcha envolve o aumento do movimento vertical do corpo, especialmente cabeça e pescoço, bem como aumento dos movimentos das articulações, principalmente ombro, cotovelo, carpo, joelho e tarso. Ao contrário da marcha, a flexão do joelho pode ocorrer na fase intermediária do passo (em resumo tudo é mais rápido do que na marcha) Pescoço e cabeça tem dois picos.


Galope: o galope é uma andadura assimétrica usada para locomoção em alta velocidade. Existem dois tipos básicos de galope no cão: o galope transversal, semelhante ao do cavalo e o galope rotatório, que parece ser o preferido pelos cães.


O cão pode manter o galope em duas velocidades, o galope “lento” (leve) , conhecido como “canter” (2) que representa uma andadura que pode ser facilmente mantida por um longo tempo e, galope rápido que pode ser mantido por curtos períodos de tempo. No galope a fase de apoio diminui e a duração do impulso aumenta em comparação com a marcha ou o trote. Períodos de suspensão ocorrem após a retirada do anterior (que marca o ciclo) do solo.


(2) Canter: Constitui uma modalidade similar a um galope combinado com o trote, é conhecido, também, por “Lope”. Processa-se da seguinte maneira: uma propulsão, seguida de outra propulsão e alcance cruzados, e um alcance... Andadura característica de Huskies em trabalho sendo considerado o movimento de velocidade média do siberiano. É entre esta andadura e o trote, andadura anterior, que o siberiano realiza seu “single tracking”(rastros simples), não confundir com o “parallel tracking” ou “doble tracking”. É uma andadura rápida intermediária entre o trote e o galope, de suspensão simples.


Alguns animais selecionados pela velocidade, como o Greyhound podem mostrar duas fases de suspensão em cada ciclo, a primeira ocorre após a retirada dos posteriores do solo, em um arremesso (coluna extendida) e a segunda após a retirada do anterior do solo (coluna flexionada).


A cabeça e o pescoço, no galope, tem apenas um pico. O maior movimento da cabeça para baixo é acompanhado pelo alcance maior dos anteriores para a frente . O movimento da cabeça para cima corresponde ao arqueamento da coluna e ao movimento dos posteriores para baixo do corpo preparando a colocação dos pés.


Efeitos da Conformação e Locomoção:


No reino animal o cão doméstico apresenta a maior variedade de tamanho e forma vistos em uma mesma espécie. Diferenças de magnitude de massa existem entre um Mastiff e um Chihuahua. Grandes diferenças de conformação anatômicas podem ser vistas quando comparados um Dachshund e um Borzói. Certamente essas diferenças influenciam significativamente certos parâmetros da locomoção. Assim é difícil caracterizar a locomoção normal do cão, mesmo porque a comparação entre diferentes raças mostra que o movimento “normal” de uma não é pertinente a outra.


Em repouso o animal apóia-se igualmente nos quatro membros. Quando o animal ganha velocidade ele tem menos apoio. Assim, os membros movem-se em direção ao centro de gravidade que fica para a frente do animal. O tipo de movimento denominado “single tracking” é então usado para evitar ou diminuir as oscilações laterais do corpo e garantir suporte contínuo do centro de gravidade. O grau de convergência dos membros em direção a uma linha central sob o plano mediano do corpo, depende da velocidade e da conformação do animal. Animais longos e de centro de gravidade baixo, como o Basset Hound, não fazem “single track”. Cães como esse normalmente movem-se com um pronunciado “roll” lateral que é considerado defeito em outros cães com membros longos.


A conformação ideal entre anteriores e posteriores (balanceamento) oferece normas gerais de avaliação de desvios (defeitos). Por exemplo, um ângulo maior do que 45° para a escápula diminui a extenção do anterior enquanto que, um ângulo menor reduz a eficiência do movimento. No posterior, ângulos menores da pelve afetam o movimento dos membros e, maiores reduzem o efeito propulsor por diminuírem a efetividade do arco espinhal (maiores ou menores em função do ângulo ideal desejado para a raça).


Pure Breed Dogs - 2003 - Glover, Harry - Irewin Copplestone Dog Standards Illustred -1977 - Wagner, Alice - Howell Book House, Inc. Dog Locomotion and Gait Analysis – Curtis Brow Dogsteps – A New Look – 3ª Edition Ilustração adaptada de Siberian Husky - The Family Album - Debbie Meador Tradução, Pesquisa e Edição - Leandro Jorge - Direitos reservados.

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