HUSKY SIBERIANO

Resistência - Fidelidade - Inteligência

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Dentes


Os dentes são órgãos duros, resistentes, de estrutura complexa e cor esbranquiçada, que servem à preensão e dilaceramento dos alimentos. Doenças infecciosas ou carência de certos medicamentos, principalmente na fase da troca, podem alterar o aspecto dos dentes definitivos.
Na primeira dentição (de leite) o cão tem 28 dentes e, na segunda dentição (definitiva), o número de dentes é de 42. São 20 dentes na arcada superior e 22 na arcada inferior assim distribuídos:
Arcada superior: 6 incisivos – 2 caninos – 8 prémolares – 4 molares
Arcada inferior: 6 incisivos – 2 caninos – 8 prémolares – 6 molares

O único prémolar superior e o primeiro molar inferior são também chamados de “carniceiros” e são característicos da espécie; os incisivos, considerados aos pares em cada arcada são às vezes denominados de pinças (os laterais).



A falta de dentes constitui defeito mais ou menos grave conforme a raça considerada, e de acordo com as exigências dos padrões.

Outro ponto da maior importância é a oclusão dentária conhecida em cinofilia como “mordedura” e, é sempre verificada pela relação estabelecida entre os incisivos superiores e inferiores.

A mordedura mais comum é a chamada “em tesoura”. Neste caso os incisivos superiores sobrepõe-se aos inferiores, de tal maneira que a face interna daqueles fica justaposta à face externa destes. É encontrada nas maiorias das raças – cães pastores, cães de caça, cães nórdicos, etc, caracteriza-se por ser mais suave e mais segura do que o tipo a seguir, isto é, a mordedura “em torquês”, nestes casos os incisisvos se tocam pelas suas bordas livres. Esta mordida caracteriza-se por ser muito dilacerante mas é pouco segura. Aparece em alguns terriers (é necessário pelo tipo de caça) e, também, em alguns braquicéfalos, devido ao encurtamento do focinho.

Quando os incisivos superiores e inferiores se distanciam muito, temos os chamados prognatismos. Os termos prognatismo superior e inferior usados em cinofilia são inadequados mas, infelizmente, já estão consagrados mais pelo uso. O prognatismo superior (termo correto é retro ou braquignatismo, pois é a mandíbula que se retrai) é sempre defeito. O inferior, quando os incisivos inferiores ultrapassam os superiores tanto pode ser o tipo mordedura desejada, como pode ser uma falta grave. Em vários braquicéfalos é a mordedura ideal ou pelo menos, permitida.

Nos cães de focinho muito longo, não é raro vermos os incisivos superiores distanciarem-se dos inferiores devido à sua implantação, que é mais inclinada; isto não configura um prognatismo típico, da mesma maneira como desvios de um ou outro incisivo dentro do conjunto, não devem ser considerados como prognatismo.

Nas avaliações comparativas o tipo de crânio será, também, como referência. Tomando exemplos extremos: prognatismo superior num braquicéfalo ou, ao contrário, prognatismo inferior num dolicocéfalo, são sempre faltas muito graves, pois fogem as tendências do tipo.

Pure Breed Dogs - 2003 - Glover, Harry - Irewin Copplestone
Dog Standards Illustred - 1977 - Wagner, Alice - Howell Book House, Inc.
Ilustração adaptada de Siberian Husky - The Family Album - Debbie Meador
Tradução, Pesquisa e Edição - Leandro Jorge - Direitos reservados.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tipos de Crânio e Cabeça

Vejamos agora, dentro da idéia dos tipos constitucionais, os tipos de crânio e, consequentemente, os aspectos funcionais e suas características comuns nas diferentes raças. A classificação dos crânios é essencialmente anatômica (óssea), e feita basicamente pelas medidas do comprimento (da extremidade do maxilar) e da largura (entre os ângulos internos das cavidades orbitárias).

Da relação entre essas duas medidas pode mos classificar três tipos básicos de crânios:

- dolicocéfalos
- braquicéfalos
- mesaticéfalos (mesocéfalos).


Nos dolicocéfalos o comprimento (eixo longitudinal) ultrapassa muito a largura (eixo transversal). O crânio é estreito e longo, os arcos zigomáticos e as arcadas superciliares são pouco marcadas e a crista sagital é bem desenvolvida. As cavidades orbitárias são estreitas e laterais.

Nos braquicéfalos o comprimento ultrapassa pouco a largura. O crânio é curto e largo, os arcos zigomáticos são muito desenvolvidos e robustos e as arcadas superciliares bem marcadas. As cavidades orbitárias são redondas e frontais.

Nos mesaticéfalos as proporções são intermediárias, anatomicamente normais. O crânio é acentuadamente longo ou largo, os arcos zigomáticos e as arcadas superciliares são de desenvolvimento médio, sem exageros. As cavidades orbitárias são ovais e fronto-laterais.

Essas descrições são genéricas e, naturalmente, existem exceções, conforme a raça.

Como dissemos, essas classificações são mais anatômicas. Para fins de avaliação dá-se preferência a uma classificação mais zootécnica, que considera o animal mais ao vivo, portanto com a parte óssea e as partes moles, músculos principalmente, além do tecido conjuntivo, pele, etc., neste caso temos os tipos de cabeça, que levam em consideração a forma geral desse segmento sobreposto, é claro, a um determinado tipo de crânio.

São quatro tipos de cabeça;

- graióides
- lupóides
- bracóides
- molossóides

Antes de descrevê-los cabe lembrar que a dolicocefalia é característica da espécie, aparecendo em grau maior ou menor na maioria das raças. A braquicefalia é um extremo oposto, quase excepcional e também pode ser de diferentes graus. A mesocefalia, por outro lado é muito difícil de ser determinada pois implica em índices bem definidos e únicos; qualquer desvio para mais ou para menos implica em diferentes graus de dolico ou braquicefalia.


Graióides são dolicocéfalos extremos. A cabeça pode ser comparada a um cone; não há linhas de transição marcantes entre o focinho e o crânio ou entre o “dorso” e as paredes laterais do focinho, o stop, portanto é muito poiuco marcado ou inexistente e os olhos são estreitos e colocados lateralmente; esta colocação permite um campo de visão bem amplo, imprescindível a animais que perseguem a caça viva e em velocidade pois, qualquer mudança de direção é rapidamente detectada pelo cão, embora sem muita nitidez.
O fechamento das mandíbulas depende mais do músculo temporal e, embora a “mordida” não seja de extrema potência, ela pode ser melhor controlada, permitindo a preensão da caça sem grandes danos. Então sempre associados a cães do tipo longilíneo.

Lupóides talvez é o tipo clássico da espécie canina. São dolicocéfalos em diferentes graus e a cabeça é comparada a um tronco de pirêmide. O stop é mais pronunciado que o tipo anterior; os olhos fronto laterais equilibram campo e acuidade visual e são, em geral, ovais. O arco zigomático de desenvolvimento relativo permite ação equilibrada dos músculos temporal e masseter garantindo equilíbrio entre potência e sutileza na mordida. De modo geral estão associados aos pastores, cães nórdicos e terriers. Estão relacionados a tipos mediolíneos. Alguns autores aqui acrescentam um subtipo – vulpinóides – nos quais o focinho é um pouco mais curto e o crânio é um pouco mais largo, consequentemente os olhos são ligeiramente mais arredondados e deslocados para frente e o focinho destaca-se mais do crânio, lembtrando uma raposa (vulpis). Como exemplo são citados raças como o pomerânia, o welsh corgi, etc.

Bracóides são também dolicocéfalos em diferentes graus e, ás vezes, até moderadamente dolicocéfalos. A cabeça pode ser comparada a um paralelepípedo, metade crânio – metade focinho. A linha superior do crânio é nitidamente paralela à linha superior do focinho. O stop é bem marcado. As faces superiores do crânio ou do focinho são bem destacadas das paredes laterais respectivas. Para os olhos e o arco zigomático valem os comentários feitos para os lupóides. De modo geral os bracóides são do tipo mediolíneo e estão intimamente associados aos cães de caça, tiro e farejadores... pointers, beagles, etc.

Molossóides são essencialmente braquicéfalos. A cabeça é comparada a um cubo ou a uma esfera. Caracterizam-se por encurtamento acentuado do focinho e alargamento nítido do crânio; consequentemente os olhos são arredondados ou mesmo redondos e caracterizam-se por grande acuidade visual. (cães de ataque). Arco zigomático é muito proeminente e robusto garantindo forte inserção para o músculo masseter que em geral é bem desenvolvido; a mordida é extremamente potente mas brusca e com pouca ou nenhuma sutileza. Em casos de braquicefalia, a cabeça torna-se arredondada pelo encurtamento máximo do focinho; o nariz coloca-se quase entre os olhos que são bem redondos, cheios e frontais, como acontece no pequinês. São do tipo brevelíneos e relacionados aos antigos cães de guarda e ataque – boxer, bullmastiff, pug, etc.

Mais uma vez colocamos que essas descrições são genéricas e, conforme área considerada, podem aparecer algumas variações. Além disso, os processos de relação levaram a tipos intermediários - bracolupóides – e até os tipos de difícil definição, como é o caso do bullterrier, que é um dolicocéfalo, tem olhos triangulares bem estreitos e separados, mas arcos zigomáticos muito fortes, com masseteres extremamente desenvovidos, para citar apenas alguns detalhes.

Pure Breed Dogs - 2003 - Glover, Harry - Irewin Copplestone
Dog Standards Illustred - 1977 - Wagner, Alice - Howell Book House, Inc.
Guia para a Dissecção do Cão - Evans & deLahunta - Guanabara Coogan
Tradução, Pesquisa e Edição - Leandro Jorge - Direitos reservados.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Crânio e Cabeça

Entende-se por crânio o esqueleto ósseo da cabeça. Compreende um conjunto bastante complexo que tem por finalidade abriga e proteger, não apenas a porção encefálica do sistema nervoso central mas, ainda, a maioria dos órgãos dos sentidos bem como as opções iniciais dos aparelhos respiratórios e digestivo, etc. Para a nossa finalidade vamos nos deter apenas em partes de interesse para os árbitros (não juizes!), quer nas interpretações dos padrões, quer na aplicação ao avaliar um animal. Dessa forma, nossas descrições serão suscintas e genéricas, nem sempre seguindo o preciosismo anatômico. Para fins didáticos o crânio pode ser dividido em crânio propriamente dito e face ou focinho. Assim, no crânio propriamente dito interessam-nos os ossos frontais, parietais e o occipital. Os frontais formam a região da testa e, junto com os parietais, o teto da caixa craniana – a linha superior do crânio. Em muitas raças, na linha de fusão dos frontais e parietais de cada lado, forma-se, acompanhando o topo do crânio, uma crista óssea chamada de crista sagital, cuja função éaumentar a superfície de inserção muscular (músculo temporal). O occipital constitui a parte posterior do crânio (nuca); é um osso ímpar e, na sua porção superior, aonde se funde com os parietais, forma uma saliência mais ou menos pretuberantes, dependendo da raça. Na região da cavidade orbitária o osso frontal mostra um prolongamento, o processo zigomático ou supra orbitário, que participa da formação da parte superior dessa cavidade e que se continua, no cão, com uma lâmina de cartilagem (em outros animais é totalmente óssea); ainda na região da testa, é a superfície externa do frontal que determina a presença de arcadas superciliares mais ou manos desenvolvidas.


Na região do focinho devemos dar destaque aos ossos maxilares, nasais e mandibulares. Os ossos maxilares formam as paredes laterais do focinho e dão implatação aos dentes da arcada superior; na porção superior, entre os ossos maxilares, situam-se os ossos nasais que determinam a linha superior do focinho; na porção mais anterior os nasais continuam-se com as cartilagens parientais que formam o arcabouço do nariz. O Nariz (trufa) é a parte externa do aparelho respiratório e suas características de forma, cor, etc dizem respeito aos padrões raciais. O conjunto dos ossos nasais e maxilares é conhecido como maxilar superior; a linha de transição desses ossos com os ossos frontais forma um ângulo que pode ou não ser pronunciado e que é, em cinofilia (cinologia), denominado de “stop” (quanto mais evidente o ângulo, tanto mais evidente o stop).


Os ossos mandibulares, um de cada lado, fundem-se na sua extremidade anterior, queixo, constituindo a mandíbula (maxilar inferior). A mandíbula é a parte móvel do crânio e nela estão implantados os dentes da arcada inferior. A mandíbula tem origem embriológica e desenvolvimento diferente e independente do esqueleto ósseo, por essa razão o seu crescimento, correto ou incorreto, que acaba de determinar o tipo de mordedura (oclusão dental) ou ao contrário, uma série de defeitos de boca; assim,por exemplo, nas torções mandibulares, o osso de um lado cresce menos do que o do outro e a união deles ficará, portanto, deslocada em relação ao plano mediano.


Devemos ainda considerar o arco zigomático (não confundir com processo zigomático). Este arco ósseo é formado por prolongamentos (processos) de ossos da face (molar, maxilar) e do crânio (temporal) e, além de reforçar o conjunto, serve de inserção para músculos responsáveis pelo fechamento da mandíbula (músculo masseter).

O fechamento da mandíbula, seja para a mastigação normal seja para preensão, depende básicamente de dois músculos: o temporal e o masseter (além de outros). Variações conforme o tipo e, portanto a importância funcional, serão vistos depois. A região de transição entre mandíbula e a face inferior do pescoço é chamada de garganta.

Pure Breed Dogs - 2003 - Glover, Harry - Irewin Copplestone
Dog Standards Illustred - 1977 - Wagner, Alice - Howell Book House, Inc.
Guia para a Dissecção do Cão - Evans & deLahunta - Guanabara Coogan
Tradução, Pesquisa e Edição - Leandro Jorge - Direitos reservados.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Articulações e Músculos


A união entre dois ou mais ossos constitui as articulações (ou juntas). Elas podem ser fixas (imóveis), como entre os ossos do crânio ou móveis, como entre os ossos dos membros. É portanto sobre uma articulação que, sob ação dos músculos, a peça óssea se move. Nas articulações móveis as extremidades ósseas são revestidas por cartilagem e entre elas encontramos um líquido que serve como lubrificante (sinovia) e está contido dentro de uma cápsula predominantemente fibrosa, a cápsula articular, que se estende de um osso a outro, fixado próximo às extremidades. As vezes, aí existem formações fibroelásticas, como os meniscos, que facilitam a adaptação das extremidades ósseas e reduzem o atrito nos movimentos. As articulações também são mantidas em posição pelos ligamentos que ainda servem para orientar e limitar os movimentos; o conjunto é reforçado, as vezes, pela passagem dos músculos ou tendões musculares (o tendão é um prolongamento do músculo, com poucas fibras musculares, enquanto o ligamento é essencialmente fibroso e independente dos músculos).



Os músculos exercem sua ação por meio de contrações, comandadas pelo sistema nervoso; dessa forma diminuindo a distância entre suas extremidades, presos a ossos diferentes, provoca o deslocamento da peça óssea que se movimenta apoiada na articulação correspondente abrindo-a (músculos extensores) ou fechando-as (músculos flexores). Raramente um músculo atua sozinho. O movimento é dado pela ação de um conjunto de músculos, alguns principais e outros auxiliares, na dependencia do movimento executado. Exemplo interessante é o músculo multifido dorsal, formado por pequenos músculos que vão de vértebra a vértebra; atuando em conjunto permitem uma série de movimentos da coluna vertebral.

Como vão de osso a osso, os músculos longos possuem um segmento maior de contração, que entretanto é mais lenta (movimentos amplos). Já os músculos curtos apresentam pequena contração, que porém é rápida (movimentos bruscos), muitas vezes são coadjuvantes: os curtos iniciam o movimento e os longos o completam. Tão ou mais importante do que o tamanho é o ângulo que o músculo toma em relação ao osso no qual se insere e sobre o qual vai agir. Aqui entra a importância dos ângulos articulares. Se a articulação é mais fechada (bem angulado), basta uma pequena contração para que a extremidade óssea sofra um deslocamento acentuado, o que pode ser traduzido por um melhor rendimento (o famoso “Alcance de Solo”) com um único movimento (menos gasto de energia); numa articulação mais aberta (pouco angulado), a mesma contração desloca pouco a estremidade, menor alcance de solo porém com uma maior estabilidade. Em casos extremos, de pouquíssima angulação, a contração muscular ao invés de fechar a articulação, aproxima as peças ósseas gerando ao animal muita firmeza no apoio. É por essa razão que os membros posteriores devem ser bem angulados nos cães de média ou grande velocidade e boa cobertura de terreno (ex.: longilíneos e mediolíneos) e, ao contrário, deve ser pouco angulado nos cães de nítida ação (força) física (brevilíneos).

Pure Breed Dogs - 2003 - Glover, Harry - Irewin Copplestone
Dog Standards Illustred - 1977 - Wagner, Alice - Howell Book House, Inc.
Ilustração adaptada de Siberian Husky - The Family Album - Debbie Meador
Tradução, Pesquisa e Edição - Leandro Jorge - Direitos reservados.

Esqueleto


É o conjunto de peças regidas, predominantemente ósseas que, unidas entre si (articulações) formam a estrutura de sustentação do corpo do cão. Quanto à dinâmica, constituem os elementos passivos do movimento, sobre os quais se fixam os músculos, que são os elementos ativos.

Em linhas gerais os ossos podem ser de três tipos:

- Chatos: formam amplas áreas para a inserção de grandes massas musculares (escápula, por exemplo) ou unem-se para formar estojos de proteção as estruturas delicadas (ossos do crânio, por exemplo).

- Curtos: aparecem em conjunto em regiões que exigem mobilidade em várias direções, tambématuando no amortecimento de impactos (ossos do corpo, por exemplo).

- Longos: são característicos dos membros, servindo, além da sustentação, como alavancas para os nmúsculos locomotores.

Existem ainda ossos irregulares, acessórios, como os sesamoideos e a patela (rótula), cuja função é alterar a direção dos tendões facilitando o trabalho muscular.

O esqueleto pode ser dividido em Axial que compreende a cabeça e a coluna vertebral (mais a caixa torácica) e, apendicular que compreende os membros anterior e posterior. A nomenclatura e particularidades de interesses dos ossos de cada segmento serão vistas nos próximos segmentos correspondentes.

O que é importante anotar aqui é que, com exceção das vértebras caudais, todos os cães de qualquer raça tem exatamente os mesmos ossos e em igual número. As variações de forma externa se devem a modificações de forma do osso, como por exemplo, o encurtamento de alguns ossos nos membros dos dachshunds... igualmente, cães mais longos ou mais curtos não possuem mais ou menos vértebras; o que acontece é que elas são mais longas e mais estreitas nos longelíneos e mais curtas e mais largas nos brevilíneos, além disso, naqueles os ligamentos intervertebrais são mais longos e elásticos e, nestes, são mais curtos e rígidos, conferindo as características de flexibilidade ou estabilidade de cada um dos tipos considerados. Aliás, essa norma acompanha os demais ossos que nos longilíneos são mais longos e finos, levando a uma estrutura óssea mais leve (não frágil); nos brevilíneos é mais pesada (não grosseira), com variações intermediárias, naturalmente. Ainda mais, dada a relação osso e músculo, vê-se que é impossível uma boa massa muscular se não houver boa estrutura óssea. O inverso, porém, pode acontecer... bons ossos e musculatura deficiente por falta de trabalho, exercícios, etc., desvios ósseos como por exemplo a torção da mandíbula, torção de metacarpo, etc, são sempre defeitos muito graves.

Pure Breed Dogs - 2003 - Glover, Harry - Irewin Copplestone
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Tradução, Pesquisa e Edição - Leandro Jorge - Direitos reservados.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Centro de Gravidade do Cão


Todo o sólido possui um ponto onde se encontram e se anulam as forças que sobre ele atuam. Da manutenção da estabilidade desse ponto depende o equilíbrio do sólido e num sentido mais dinâmico, podemos dizer que certos movimentos são possíveis, sem que haja desequilíbrio ou deslocamentos, sempre que a projeção desse ponto sobre o solo, por meio de uma linha perpendicular, nem saia dos limites da base desse sólido ou da área de projeção circunscrita por seus pontos de apoio (os pés de uma mesa, por exemplo). Nos sólidos geométricos regulares esse ponto coincide com o centro, isto é, o ponto de encontro de suas diagonais ou diâmetros. No cão, devido a massa muscular da porção anterior, mais o pescoço e a cabeça, o centro de gravidade desloca-se para a frente , situando-se, de modo geral, logo através da ponta do cotovelo e a meia altura do tórax. O deslocamento desse centro de gravidade para a frente é o que permite o animal caminhar e é nesse deslocamento que o pescoço e a cabeça assumem o seu papel dinâmico – para iniciar o movimento , o cão abaixa a cabeça e, para detê-lo, levanta a cabeça. Associando estes princípios aos tipos constitucionais pode-se entender melhor certas exigências dos padrões e suas aplicações funcionais. Tomando como exemplo os tipos extremos: os longilíneos são estreitos e de pescoço longo, portanto de equilíbrio instável e fácil alterações do centro de gravidade para a frente o que facilita o ganho de velocidade. Os brevilíneos, curtos e largos e de pescoço curto, ao contrário, matem com mais facilidade o centro de gravidade, mesmo oscilando dentro da área de equilíbrio e assim, perdem velocidade, por outro lado garantem a estabilidade necessária para a aplicação de força física.

Em termos de aplicações: quando um padrão racial de um greyhound pede um pescoço longo, não é um detalhe aleatório ou meramente estético pois um pescoço curto e grosso, que dificulte o deslocamento do centro de gravidade, fere o tipo porque, dificulta a função desejada. Paralelamente um bulldog inglês estreito e de pescoço longo teria comprometida a necessária estabilidade.

Pure Breed Dogs - 2003 - Glover, Harry - Irewin Copplestone
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Tipos Constitucionais


O primeiro aspecto a ser observado ao julgar um animal é o tipo – típico ou atípico. Em sentido estrito o tipo está relacionado a cada padrão racial e, em sentido amplo, refere-se à característica de estrutura anatômica que, em linhas gerais, são comuns a várias raças que desempenham trabalhos similares. Assim o tipo constitucional – biótipo, zootipo – pode ser definido como “o esquema arquitetônico ao qual correspodem animais que, mesmo de diferentes origens, apresentam as mesmas aptidões funcionais”. Nesse sentido o conhecimento da função específica de uma raça facilita sobre maneira a compreensão de seu padrão racial, no que diz respeito as exigências estruturais e como avaliá-las. A grosso modo o tipo resulta do desenvolvimento do genótipo que é a carga hereditária do animal (criador), sobre o qual atuam fatores não genéticos, chamados de parátipos, como por exemplo, clima, tipo de terreno, alimentação, nutrição, espaço disponível, controle parasitário, vacinas, etc. (proprietário) que permitem, ou não, o desenvolvimento dessa potencialidade genética. Sob esse enfoque o tipo constitucional confunde-se com o fenótipo – exterior do animal que, por indução, reporta-se à sua característica ganética.

Em linhas gerais o biotipo é definido a partir dos seguintes elementos:

- diâmetros
- perfil
- harmonia de construção

Os diâmetros são, em termos anatômicos, os parâmetros que definem matematicamente e geométricamente o tipo: em síntese, dizem respeito as relações entre comprimento (eixo longitudinal) e largura (eixo transversal). Outras medidas também são usadas, mas essas são as essenciais para uma avaliação rápida. O perfil é representado pelas linhas de contorno do corpo e, de modo geral, melhor apreciado na cabeça por ser o segmento que nos animais, menos alterações sofrem com fatores externos como obesidade, gestações, etc. A harmonia de construção diz respeito ao equlíbrio de proporções dos diferentes segmentos corpóreos. Varia de raça para raça e está intimamente ligada ao conceito de beleza zootécnica (funcional) que nada tem a ver com o conceito de beleza subjetiva (pessoal) que, sob hipótese alguma, deve pesar no julgamento.

Nos cães são definidos quatro tipos constitucionais básicos:

- longilíneos
- mediolíneos
- brevilíneos
- anacolinorfos

Nos longilíneos há predomínio acentuado dos eixos longitudinais sobre os transversais: o crânio é longo e estreito, o pescoço e corpo são longos, o corpo é longo e o tórax relativamente estreito, os membros longos e finos. O aspecto geral é de beleza e aerodinamismo: este tipo engloba os cães de grande velocidade, como os borzóis, whippets, etc.

Nos mediolíneos as proporções são mais equlibradas, anatomicamente falando e escrevendo – “nem tão largo, nem tão longo”. Em nenhum dos segmentos corpóreos há extremos de relação entre os eixos de medida. Também no aspecto funcional equilibram força e velocidade moderadamente, entretanto, não dotado de grande resistência física para toda uma jornada de trabalho, como acontece com cães pastores, cães de caça e tiro, etc.

Nos brevilíneos os eixos longitudinais ultrapassam pouco os transversais: o corpo é curto e o tórax largo, membros curtos e grossos, como também o pescoço, sendo a cabeça também curta e larga. A idéia geral é de compacticidade, robustez e estabilidade. São animais de grande força física, como por exemplo, os bulldogues, o mastim napolitano, etc.

Os anacolinorfos apresentam a cabeça, o pescoço e o tronco em proporções normais. Uns tem os membros extremamente encurtados facilitando o trabalho junto ao solo(basset-hound) ou sob o solo (dachshund, terrier escocês).

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pedigree

"Pedigree" é a palavra mais comum, importante e fundamental na léxicografia de um cinófilo. Se deriva do latim PEDIS. Vem do Francês "pé de grou"... porque os registros genealógicos dos criadores ingleses de cavalo utilizavam uma marca feita com três traços retilíneos que lembravam a pegada da ave "grou".
Sua origem surge no antigo hábito de encher as "árvores genealógicas" de acordo com a forma do pé desta ave, mesma forma que se utiliza na data.
Toda forma de vida tem ancestrais e sómente quando estes ancestrais, tanto do lado paterno como materno, são conhecidos por ao menos 5 gerações (62 ancestrais) se pode dizer que um pedigree é completo.
O uso correto do termo é limitado, todavia em cães e outros animais para que se dê uma definição de raça pura, esta limitação consiste, principalmente, em que ambos os pais sejam da mesma raça e que esta seja pura.
De um cão se deve dizer que é de raça pura ou de preferência que é um cão de "pedigree", jamais se falará de um cão de "puro sangue", terminologia aplicada corretamente aos cavalos de corrida.
Como se origina uma raça? Como foi originada a primeira raça canina? Que os primeiros ancestrais de todos os cães não eram de raça pura pouco importa, já que, até a pouco mais de 150 anos todos os cães eram mestiços em diferentes escalas, exceto raças primitivas como o Siberiano, Samoyeda, Basenji, Malamute, Chow e etc. Por seleção humana dos exemplares que cruzavam, baseados num "fenótipo" parecido, em temperamento, aparência, ou por ter ancestrais similares, se obteve grupos com uniformidade de porte razoáveis, cor, fisiologia, forma e temperamento.
Na continuidade destes acasalamentos contínuos selecionados, se originou o tipo hereditário em aproximadamente 9 anos ou seis gerações. Por tipo hereditário se entende o que será a base para a criação de exemplares de raça pura, já que de pais parecidos entre si em todos os aspectos, se produzirá invariavelmente descendência parecida e uniforme duplicando eles mesmos ou à seus ancestrais.
Existe sempre a possibilidade de que, ainda depois de muitas gerações de criação de raça pura, se apresenta um "atavismo" - reaparecimento, nos descendentes, de certos caracteres ancestrais desaparecidos nas gerações imediatamente anteriores - ou seja, a tendência de se voltar ao tipo original de onde a raça surgiu e cuja característica não está manifesta nos pais, posto que procedem de algum antepassado. Todos os cães registrados possuem pedigree, mas nem todos os cães de pedigree são registrados ou possuem qualquer tipo de registros. O registro de um cão de raça pura consiste na anotação no livro genealógico de um organismo oficial de cinofilia, no caso CBKC - Confederação Brasileira de Kenneis Club - os ancestrais do cão para depois assinar o exemplar um número único que jamais se repete, com o propósito de se fazer mais fácil e permanente a sua identificação.
Tradução e adaptação: Leandro Jorge
Panorama Canino - Revista Argentina de Cinofilia