
O coxal, portanto, articula-se com o sacro (articulação sacro-iliaca), e dessa forma a força oriunda dos membros porteriores (propulsão) passa diretamente para a coluna vertebral e daí para os anteriores. Em função disso, o ângulo que o coxal forma com a coluna é muito importante pois alterações do mesmo (conforme a raça) podem prejudicar a transmissão da força propulsora. Esse ângulo é medido por meio de uma linha que acompanha o eixo maior do coxal, a partir da ponta da nádega e outra horizontal correspondente a coluna. Anatomicamente é considerado como ideal um ângulo de 30°. Esse ângulo permite ainda que uma linha perpendicular ao solo, tangente à ponta da nádega passe, se os outros ângulos estiverem corretos, pelo raio ósseo determinado pelos ossos do tarso e metatarso – jarrete que também deve ser perpendicular ao solo. Sendo assim o peso do membro recai sobre a almofada plantar, garantido o equilíbrio estático e facilitando o trabalho muscular. Como se pode deduzir essa linha marca, portanto, o aprumo do membro posterior. Em um animal bem aprumado, os posteriores vistos de trás devem ser paralelos entre si e acompanhar os anteriores. Como o ângulo formado pelo coxal com a coluna marca a posição da garupa é óbvio que alterações do mesmo levarão a defeitos de garupa ou a particularidades de uma ou outra raça. Assim, ângulos menores do que 30° levam a garupa plana e, maiores a garupa caída modificando a terminação da linha superior do animal. Ainda mais, dadas as relações da garupa com a raiz da cauda, pois ao sacro seguem-se as vértebras caudais, alterações da garupa consequentemente altera a posição da cauda. Grupas planas condicionam caudas de inserção alta e levadas acima da linha horizontal. Garupas caídas levam a cauda de inserção baixa e, em geral, levadas abaixo da linha horizontal. Além disso, enquanto defeito e não característica racial, alteram os outros ângulos articulares do membro, levando a defeitos de aprumos, tais como joelhos para fora e jarrete de vaca (garupa caída), joelhos “retos” e falta de paralelismo (garupa plana)e etc. Em conseqüência, também alteram o rendimento do trabalho muscular. Cães de coluna normalmente convexa (Whippet) não tem garupa caída, a ilusão é dada pela posição da coluna, mas se esta for retificada os ângulos desejados serão vistos. Podem, por outro lado, ter garupa caída e, neste caso, o sinal mais evidente, nestes cães, é a expulsão dos joelhos durante o movimento. Outros defeitos de garupa depende das dimensões ósseas que são as garupas estreitas ou muito largas. Em ambos os casos, o movimento é prejudicado pela alteração do posicionamento correto dos posteriores, Mais raras são as garupas curtas e muito longas, decorrentes das modificações do comprimento do coxal. Neste caso o movimento é prejudicado pela alteração do rendimento dos músculos que, partindo desse osso, alcançam o fêmur. Esses músculos, chamados genéricamente de íleo – femurais e ísquio – femurais são importantes colaboradores dos movimentos do membro posterior. Em seqüência encontramos o fêmur, que é um osso da região da coxa. Como já dissemos o fêmur articula-se com o coxal formando a articulação da cadeira ou coxo-femural. Idealmente esta articulação deve formar um ângulo de 90°, o que facilita a ação dos músculos coxo femurais que já comentamos. Na outra extremidade o fêmur articula-se com a tíbia. A tíbia e a fíbula são os ossos da perna. A articulação do fêmur e tíbia forma o joelho. Nesta articulação participa ainda um outro osso, pequeno e arredondado que é a patela (ou rótula) . A patela além de dar inserção a forte musculatura da região anterior da coxa, também limita o movimento da tíbia para a frente, na extenção da articulação do joelho. O ângulo ideal desta articulação também é igual a 90°. Esse ângulo favorece muito a ação do músculo gastrocnêmio; este músculo corresponde a nossa “barriga da perna”, origina-se no fêmur e se insere no calcâneo, um dos ossos do tarso, isto é, o que forma a ponta do jarrete. Essa disposição faz desse músculo o principal responsável pela flexão do joelho e retira o membro do solo pelo levantamento do tarso. Assim sendo, é de primordial importância no movimento do membro posterior.

A região do tarso, portanto, merece especial atenção porque, juntamente com o metatarso constitui o que se chama de jarrete. A importância do jarrete, claro, está relacionada ao trabalho do músculo gastrocnemio. Em princípio o jarrete deve ser perpendicular ao solo. Sua altura e, particularmente, o comprimento do metatarso estão na dependência da raça ou do tipo do cão e devm ser proporcionais ao conjunto carpo – metacarpo. Um jarrete excessivamente alto encurta o músculo gastrocnemio e altera o seu ângulo de inserção. Atenção: normalmente, no jarrete alto todo o conjunto é longo pois neste caso a movimentação é rápida mas pouco produtiva. O animal anda com os posteriores saltitando. Quando o jarrete é muito baixo o músculo torna-se mais longo e acompanha aproximadamente o raio ósseo. A movimentação é lenta e pouco produtiva, isto é “arrastada”. Outro problema sério são os chamados “jarretes de vaca”. Neste caso os jarretes estão fora de aprumo, sua pontas se aproximam e os pés em consequência voltam-se para fora. Na contração muscular ao invés do membro ser dirigido totalmente para a frente, ele devia-se para o lado e, portanto, o movimento é pouco produtivo. Quase sempre os jarretes de vaca são decorrência de garupa ou má angulações de joelho. Aliás joelhos mal angulados produzem resultados na movimentação semelhantes ao apresentados por jarretes na altura inadequada. De fato, alterando o comprimento e a posição do músculo gastrocnemio, os joelhos muito angulados tem efeito semelhante ao jarrete alto e ao contrário, os poucos angulados (joelho reto ou inaparente) ao jarrete muito baixo. A estrutura dos pés é semelhante ao dos anteriores. Sua forma é descrita nos padrões. Quando não forem apontados diferenças a forma dos pés é semelhante nos anteriores e posteriores. Considerando em conjunto, o membro posterior, a maneira dos anteriores, funciona como um pêndulo. Como já foi comentado esse movimento resulta na economia de trabalho muscular. Para que haja equilíbrio na ação dos músculos flexores e extensores e, para que o impulso, no contato com o solo, seja rapidamente transmitido se exige bons aprumos e angulações corretas. No membro posterior o eixo de oscilação desse pendulo ideal corresponde a articulação coxo-femural pois, cabe lembrar, a articulação sacro-ilíaca é praticamente fixa, servindo mais como ponto de trasmissão da força propulsora para a coluna vertebral.
Pure Breed Dogs - 2003 - Glover, Harry - Irewin Copplestone Dog Standards Illustred -1977 - Wagner, Alice - Howell Book House, Inc. Dog Locomotion and Gait Analysis – Curtis Brow Dogsteps – A New Look – 3ª Edition Ilustração adaptada de Siberian Husky - The Family Album - Debbie Meador Tradução, Pesquisa e Edição - Leandro Jorge - Direitos reservados.
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