
“ MOVIMENTAÇÃO: a movimentação característica do Husky Siberiano é suave
e aparentemente sem esforço. É rápida e ligeira sobre suas patas. Quando
apresentado em exposições, deverá sempre ser de guia solta. Mostra um
trote moderadamente rápido, exibindo assim um bom alcance nos anteriores e
boa propulsão nos posteriores.Quando visto de frente e de trás, enquanto
caminha, o Husky Siberiano não converge os membros numa trilha única
(single tracking), mas à medida que a velocidade aumenta,os membros
convergem gradualmente até que as almofadas plantares pisem sobre uma
linha diretamente abaixo do centro longitudinal do corpo. Conforme as
pegadas convergem, os anteriores e os posteriores movimentam-se para a
frente sem que, nem os cotovelos, nem os joelhos virem para dentro ou para
fora. Cada membro posterior se move para alcançar a pegada do anterior do
mesmo lado. Enquanto o cão está em movimento, a linha superior permanece
firme e nivelada. “
Como é entendido o ato de se movimentar? Talvez em um raciocínio rápido se
chega a conclusão que movimentar-se não passa de uma mudança de lugar. Em
termos gerais é mais ou menos isso. Todavia há um porém entre o ato de se
movimentar e a mudança de lugar. Como se passa de um ponto ao outro em um
determinado espaço se deslocando... mantendo o equilíbrio constante? Então,
pode-se perceber que o ato de movimentar-se está associado a vários mecanismos
de “dinâmica”, definições e “conceitos” que envolvem o “movimento”
propriamente dito ou escrito. Pode-se iniciar assim: “...é a quebra de um
equilíbrio pré-existente refeito posteriormente”. Seria mais ou menos isto e
já se entraria no conceito de “movimento”. Corpo e Cérebro trabalham
conjuntamente. Conforme Leon Hollenbick, no seu “The Dynamics Of Canine Gait”,
a movimentação … “é uma seqüência de movimentos voluntários, coordenados,
rítmicos e uniformes, destinados a locomover um corpo através de um
determinado espaço durante uma certa fração de tempo”, ou seja, uma conclusão
do ramo da física onde a matemática e a estética se unificaram para
formalizar, além de um conceito cinófilo, uma definição “cinométrica” de
movimento. No conceito da Física o “movimento” se caracteriza por uma variação
de posição espacial de um corpo, objeto ou ponto material em um determinado
tempo. Então, na definição tanto cinófila quanto física, três idéias se
fundem: Força, Espaço e Tempo. Por definição a relação entre Espaço e Tempo,
ou seja, a distância percorrida e o tempo gasto é chamada de “Velocidade”. A
análise do movimento por si só, sem se preocupar com as causas e as
conseqüências, ou seja, apenas com a sua descrição (cinemática) daria uma
condição enganosa ao estudo da movimentação dentro da cinologia, porque estas
condições de estudo não seriam completas ou conclusivas, pois se necessitariam
de todas as causas e forças (dinâmica) que iniciam o movimento e de suas
conseqüências, o cessar. Analisar um acontecimento dentro do movimento e a
relação posterior é analisar a causa e o seu efeito. O segundo acontecimento é
sempre a conseqüência do primeiro. No caso da movimentação do Husky Siberiano
estes conceitos são extremamente importantes. Nesta breve introdução se pode
ter uma idéia sobre movimentação, entretanto há uma particularidade dentro das
movimentações de cães de raça pura: a tipicidade, o movimento típico ou por
dedução, a construção de sua estrutura funcional. A mecânica de movimentação,
no siberiano, se completa por um esforço mínimo...
“a movimentação característica do Husky Siberiano é suave e aparentemente
sem esforço.” ...
Todos os componentes que envolvem a movimentação “suave” , sem sacrifício,
tornando-a fácil se caracterizando por um consumo mínimo de energia e por seu
modo de exercer esta “força” por um sentido inofensivo e cômodo deste
movimento. Não se pode ter uma estrutura mal delineada e com desvios pois isto
acarretaria deformações de movimento tornando a dinâmica desgastante e
traumática já que ao tracionar e propulsionar, o siberiano seria inutilizado
em seu fim de trabalho: puxar trenós, bem como outras atividades afins.
“...É rápida e ligeira sobre suas patas!” Uma das características da raça
siberiana é o poder de “tração”, muito antes de se pensar em
“propulsão”.
Tracionar é um procedimento único da raça siberiana... é puxar pelos
anteriores, e isso é uma combinação da dinâmica dos metacarpos e falanges
fornecendo bastante molejo ao movimento da força tratora e por sua maciez e
agilidade na locomoção. Este conjunto deve ser potente dando ao siberiano uma
justa força, rapidez e firmeza de tração.
“...Quando apresentado em exposições, deverá sempre ser de guia
solta.”
O siberiano deve ser treinado como se a guia não existisse dando ao cão, em
movimento na apresentação em shows, um sentido de liberdade. O cão,
praticamente, deve saber o contexto da apresentação e o apresentador ter a
exata sensibilidade da simbiose entre ele e o cão.
“...Mostra um trote moderadamente rápido, exibindo assim um bom alcance nos
anteriores e boa propulsão nos posteriores.”
Muito pelo contrário do que se pensa o “trote”, uma andadura cruzada, na qual
a propulsão e o alcance acontecem simultaneamente, onde o alcance é realizado
pelo anterior contrário ao posterior que realizou este movimento (sic. Rachel
Elliot – Dog Steps), é a única movimentação requerida nas pistas de show em
julgamento. E o que significa “um bom alcance”? “...bom alcance” significa o
movimento realizado pelo conjunto escápula e úmero com a distância do passo
segundo seus anteriores. O segredo está no ângulo de 45° que a escápula
alcança, em movimento máximo, com a horizontal do solo. A relação entre a
posição do conjunto escapulo-umeral medido em seu ângulo, maior, menor ou
igual a 90°, terá como conseqüência a amplitude do passo anterior. Uma
angulação maior que 90º no conjunto escapulo-umeral trará uma posição de
escápula maior que 45° e a amplitude do passo curto dando um aspecto de ombro
aberto e cernelha alta com uma linha de dorso descendente e isto é muito
peculiar em diversos exemplares. Ao contrário acarretará um passo de amplitude
ampla dando um aspecto de ombro fechado com cernelha baixa com o úmero se
aproximando de uma linha horizontal. O centro de gravidade muda neste dois
aspectos. E a
“boa propulsão nos posteriores”. A
propulsão deve ser tal que esta força sustente a alavancagem do corpo. Há uma
condição muscular neste contexto e um conjunto de forças que contribuem para
esta ação e uma delas é a posição de ângulos entre o fêmur e o coxal. Quanto
mais angulado mais força o cão terá e este ângulo terá 90°. Estas forças,
absoluta e relativa, dão um aspecto padrão e deverão ser iguais e produzem o
mesmo efeito dando assim, ao cão, um movimento típico.
“...Quando visto de frente e de trás, enquanto caminha, o Husky Siberiano
não converge os membros numa trilha única (single tracking), mas à medida
que a velocidade aumenta,os membros convergem gradualmente até que as
almofadas plantares pisem sobre uma linha diretamente abaixo do centro
longitudinal do corpo.”
Na verdade este ponto é um ponto importante na análise da movimentação do
husky siberiano... a sua posição durante o seu movimento. Notadamente o
siberiano não desenvolve velocidade suficiente, num primeiro momento, para
convergir os membros ao centro longitudinal do corpo. A
“trilha única ou rastro simples” (single tracking),
em movimentação, deixam suas pegadas, uma atrás da outra, dispostos em uma
mesma linha, embora aproximando da linha mediana não chegam a pisar sobre ela
pois a velocidade está diretamente ligada a estas posições, ou seja, quanto
mais velocidade... mais aproximação da linha mediana pois o ponto de
equilíbrio, em velocidade, é mudado conforme um novo movimento.. Esta análise,
quando visto de frente e de trás, é puramente estrutural, ou seja, se pede
esta movimentação para poder notar aprumos (cotovelos, jarretes, etc) e,
conclusivamente, tendências laterais, isto é, o “andar de lado”, o
“caranguejar” – “crabbing” . Desta maneira e dentro de contexto se pede o
andar em circulo para poder verificar a forma de como o siberiano cloca os pés
nos apoios e verificar se não há o sobre-passo... o posterior apoiando-se
adiante do ponto de apoio do anterior. Isso é uma falta muito grave em se
tratando de animais tracionais. Pode-se analisar um siberiano em sua
movimentação real mas nunca e um ringue de exposições. O que se pode verificar
é um “potencial” movimento de tração e imaginá-lo por real. No contexto
“Movimentação” analisado anteriormente, em postagens, podemos analisar o
conceito contextual deste significado.
Por Leandro Jorge - Verkoiansk Siberians